O que você enxerga como uma viela, um escadão, um muro, uma ladeira e uma parede do bairro, o artista Alex Senna vê uma tela em branco. É possível que você ainda não o conheça pelo nome, mas com certeza já se deparou com alguns de seus desenhos por aqui, sempre em preto e branco e relatando cenas cotidianas.
Senna, que é um dos maiores grafiteiros do Brasil e do mundo, é nosso vizinho e já perdeu as contas de quantos grafites fez pela Pompeia, Vila Anglo-Brasileira, Sumaré, Perdizes e Vila Romana, ajudando a erguer a região como um dos principais pontos de arte urbana da cidade.
Nessa entrevista para o vilapompeia.com ele conta um pouco mais sobre sua carreira e qual é a relação que ele tem com nosso bairro.
Como você começou a grafitar? A vida na Pompéia te propiciou esse contato com a arte?
Comecei em 2004. Nessa época eu ainda não morava aqui, apenas a minha mãe. Mas eu me recordo de sempre ver os grafites nos escadões que são famosos daqui do bairro. Grandes artistas sempre passaram por aqui.
Por que você só faz grafites em preto e branco? Quando você foi diagnosticado com daltonismo e como isso foi determinante na sua carreira?
Eu sempre soube que era daltônico, meu irmão também é. Na verdade, eu nunca tive muito apego por cor, nunca gostei de colorir, minha pegada era mais canetão, tinta nanquim, de acalcar a caneta mesmo. O que rola com o daltonismo é que eu não assemelho todos os tons, às vezes de longe eu nem diferencio, mas é só isso. Quando eu comecei a pintar na rua, eu pintava colorido, e claro, as minhas combinações eram completamente sem sentido. Nunca tive essa sensibilidade pra cor.
Seus desenhos sempre relatam demonstrações de afeto. Por que decidiu seguir essa linha?
Era o que eu queria passar naquele momento em que comecei. Estava meio triste na época e queria pintar exatamente o contrário.
Quando você começou, achava que chegaria tão longe com seu trabalho?
Nunca imaginei, foi uma aposta que deu certo.
O que você já conquistou com seus murais?
Financeiramente a arte me mantém de pé, mas não a ponto de comprar uma casa, ela apenas paga meu aluguel. Acho que a minha maior conquista é poder viajar para lugares e conhecer diferentes culturas.
Qual é o maior mural que você já fez?
Eu fiz um em Pyeongtaek, na Coréia do Sul, que é do tamanho de um quarteirão de largura e com 10 andares de altura.
O bairro é cheio de seus grafites. Quantos mais ou menos já fez por aqui? Sabe dizer?
Não tenho ideia.
Você nasceu na Pompéia/ Vila Anglo? Se sim, como foi passar a infância aqui? Se não, quando foi que chegou ao bairro e por que veio morar aqui?
Não nasci aqui, sou do interior de São Paulo, de Orlândia. Vim para a capital bem pequeno e só mudei para a região em 2006. Eu me relaciono bastante com o bairro por este ar do interior que ele evoca.
Como é a sua vida no bairro? Quais são seus lugares preferidos?
Moro na Vila Anglo-Brasileira e minha vida é ótima, tenho um bom relacionamento com o bairro e seus habitantes. Adoro o Morro do Samba, a Bica de Pedra, o labirinto no meio da Vila Anglo e as surpresas que existem como praças em ruas sem saída.
Há outros grafiteiros, ilustradores e artistas importantes para a cena e que moram aqui no bairro?
Por aqui há grandes nomes como: Paulo Ito, Deddo Verde, Boleta, Renato Kep (vadios). Na região da Pompéia já passaram artistas importantes como Highgraff, Prozak, John Howard, MEA, entre outros.
Se você quiser conhecer mais sobre a arte de Alex Senna pelo mundo, acesse: http://www.alexsenna.com.br/. Se preferir ver seus desenhos pessoalmente, é só dar uma passeada pelo bairro. Alguns de seus grafites estão pela Avenida Pompeia, Barão do Bananal, Francisco Bayardo, entre outros espaços da região.
No Comments