O ditado diz que antes da bonança vem a tempestade. Ou seja, antes que a gente possa usar as futuras estações do metrô próximas às nossas casas, vamos enfrentar barulho na madrugada, trânsito interrompido por máquinas gigantes, tatuzão balançando tudo ao redor e, eventualmente, até rachaduras e outros danos estruturais nos imóveis.
Isso faz parte da realidade de muitas obras metroviárias da história de São Paulo e é provável que os vizinhos da linha 6 Laranja não passem ilesos. Um giro pela internet e se encontram diversos relatos de pessoas com o sono atrasado por conta das obras, especialmente no canteiro da Cardoso de Almeida, onde, no mês de agosto, foi realizada “uma atividade de grande porte que causou maior intensidade sonora”. A informação foi dada pela Construtora Acciona ao G1 e, segundo eles, isso já acabou.
É bem verdade que depois de 2025, prazo dado para a entrega e funcionamento das 15 estações espalhadas por 15 km de extensão, a gente mal deve se lembrar dos dias de transtorno. Mas até lá será preciso paciência e também saber o que fazer se as coisas passarem dos limites.
A gente foi atrás da Acciona e de outras informações para montar esse pequeno Guia do Transtorno e ajudar os vizinhos da Pompeia, das Perdizes e de outros bairros abarcados pela Linha Laranja.
Qual é a previsão da entrega das obras da Linha Laranja?
Se você mora há mais tempo no bairro, deve se lembrar que essa linha de metrô é uma promessa antiga e 2010 era a primeira previsão de início das obras, mas foi somente em 2015 que elas começaram. Na Pompeia, muitas casas da Venâncio Aires bem como o terreno que abrigava as Lojas Americanas e outros estabelecimentos da Avenida foram expropriados nessa época.
Em 2016, tudo parou de novo e ficou assim durante quatro longos anos. Até que em outubro de 2020, em plena pandemia, as obras recomeçaram: as construções foram derrubadas e agora a data para a entrega das estações é no final de 2025. A Acciona garantiu que todas elas ficarão prontas simultaneamente.
Em que estágio estão as obras das estações Sesc-Pompéia, Perdizes (Apinajés) e PUC-Cardoso de Almeida?
De acordo com a Acciona, tanto a estação Sesc-Pompeia quanto a PUC-Cardoso de Almeida estão na continuação da execução de canteiro, o que significa que a equipe prepara o terreno para construí-las. Já a estação Perdizes, entre as ruas Apiacás e Apinajés, está com atividades no canteiro central para alargamento da Avenida Sumaré.
Uma faixa sentido centro e outra sentido bairro estão interditadas para tal alargamento, gerando lentidão e, às vezes, trânsito parado. Então, tente fazer esse caminho por vias alternativas como a Rua Turiassú para acessar a Avenida Antártica e a Rua João Ramalho para seguir pela Sumaré em direção a Pinheiros.
Há previsão de obras que sejam feitas durante a madrugada?
A Acciona não descarta a necessidade de realizar obras no período noturno (já contamos que, eventualmente, nos deparamos com relatos de vizinhos da linha 6 Laranja sobre atividades madrugada adentro, especialmente na Brasilândia). “Isso será definido de acordo com o andamento de cada canteiro. Qualquer atividade que interfira na rotina da população do entorno será prontamente comunicada pela equipe de Comunicação Social da Concessionária Linha Universidade”, garantiu a construtora.
Se as obras noturnas estiverem incomodando, quem acionar?
Isso é um problema. A cidade de São Paulo possui a Lei do PSIU, que determina limites de barulho diferentes das 7h às 22h e das 22h às 7h. Teoricamente, das 22h às 7h está proibida a emissão de ruídos que perturbem o sono e o sossego do entorno, mas a Lei do PSIU não fiscaliza obras nem residências. Ela vale para bares, restaurantes, bailes públicos, indústrias, escolas, templos religiosos e estabelecimentos comerciais.
Para obras e residências particulares, quem fiscaliza perturbação do sossego é a polícia militar. Então qualquer cidadão que se sentir incomodado pode discar 190.
Quando o tatuzão começa a passar?
Imagine uma máquina grande, muito grande. Nela cabem refeitório, cabine de enfermagem, esteira rolante e uma cabine de comando que abriga equipamentos auxiliares. Uma máquina que para ser operada são necessárias 45 pessoas, com 2000 toneladas e 109 metros de extensão. Imaginou?
Esse é o tamanho do Tatuzão, nome popular dado a uma tuneladora ou shield, responsável por cavar e abrir os túneis por onde passarão os trens carregando mais de 633 mil passageiros por dia. E é justamente por isso que ele é tão assustador. Quando o tatuzão passa, é comum causar abalos e tremores nos imóveis do entorno.
Segundo a Acciona, serão dois deles: um sentido sul (da estação Brasilândia à estação São Joaquim) e outro sentido norte (da estação São Joaquim à estação Brasilândia), perfurando cerca de 12 metros diariamente.
O primeiro, sentido sul, deve começar a operar ainda esse ano, em 31 de dezembro (feliz ano novo!). O segundo, sentido norte, está previsto para iniciar os trabalhos a partir de abril de 2022.
Vai ser feito algum tipo de vistoria em casas muito próximas às estações?
Segundo a assessoria da Acciona, as vistorias cautelares já estão ocorrendo nos imóveis inseridos dentro da área de influência dos canteiros de obra.
Se os vizinhos notarem algum problema de infraestrutura (rachaduras, entre outras) decorrentes das obras, para onde telefonar?
De acordo com a Acciona, qualquer vizinho que precisar entrar em contato com a empresa referente à obra pode fazê-lo pela Central de Atendimento da Concessionária Linha Universidade por meio do telefone 0800 580 3172 de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h30. Há também a possibilidade de enviar uma mensagem por meio do website: https://www.linhauni.com.br/contato ou um e-mail para atendimento@linhauni.com.br.
Você também pode acompanhar outras novidades pelo site do metrô: https://www.metrocptm.com.br/linha-6/, mas, de toda forma, estaremos de olho nos próximos passos da obra. Se vocês tiverem alguma outra questão, escrevam aqui nos comentários do Vila Pompeia. A gente promete questionar a assessoria para deixá-los informados.
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