A Pompéia é um bairro que é conhecido por suas ladeiras enormes, o que pode desencorajar ciclistas a passearem de bicicleta pela região ou mesmo utilizarem a bike como meio de transporte. Mas este é um guia para dizer que é possível fazer as duas coisas por aqui, mesmo com um nível de dificuldade um pouco maior.
Usar a bicicleta na Pompéia ajuda a diminuir o trânsito infernal do bairro, fruto do aumento do número de prédios enormes que oferecem como atrativo diversas vagas na garagem por família, incentivando ainda mais o uso do carro. Também economiza o tempo das pessoas dentro dos veículos e soluciona o problema da falta de vagas nas ruas para quem trabalha ou vem visitar os amigos e o comércio por aqui.
Sobretudo, utilizar a bicicleta regularmente ajuda cuidar do meio ambiente e da saúde de todo mundo, que ainda vai economizar um troco com academia. Prepare o fôlego, força nas pernas e boa pedalada!
Ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas na Pompéia
Você já deve ter ouvido falar de ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas, mas qual é a diferença de cada uma delas?
As ciclovias são pistas destinadas para uso exclusivo de bicicletas e são separadas fisicamente do restante da via. Elas podem estar na calçada, no canteiro central ou na própria pista por onde circula o tráfego.
As ciclofaixas são faixas permanentes com pintura de chão, geralmente na cor vermelha (e é assim no mundo todo, pessoal, não só por causa de partido político), mas sem separação física da via. A pista é sinalizada e geralmente tem “olho de gato” ou “tartaruga” para indicar que aquele é um espaço de bicicletas.
As ciclorrotas são ruas normais, compartilhadas com carros e outros veículos, mas são consideradas um trajeto mais seguro aos ciclistas, principalmente pela ausência de ônibus e pelo tráfego menos intenso. Elas, geralmente, são sinalizadas com placas.
Além desses três tipos de espaços urbanos para bicicletas, há também as ciclofaixas de lazer, que são faixas para veículos temporariamente fechadas a eles e abertas para pedestres e bicicletas aos fins de semana ou feriados nacionais.
Felizmente, o bairro da Pompéia e região são contemplados por esses quatro tipos de vias e é justamente por isso que é possível usar a bicicleta cá por essas bandas.
A ciclovia da Sumaré é uma das mais antigas de São Paulo e foi inaugurada em 1996. Até bem pouco tempo atrás, ela não seguia por toda a extensão da avenida, mas agora foi ampliada e conecta a Pompéia aos bairros de Perdizes e Pinheiros. Neste ano, ela avançou para o Viaduto Antártica, tornando o trajeto dos ciclistas que precisam acessar a Avenida Marques de São Vicente mais seguro.
As ruas Padre Chico e João Ramalho ganharam ciclofaixas por quase toda a sua extensão, servindo de opção para quem estuda na PUC, na Universidade São Camilo ou precisa chegar até o bairro de Perdizes. Só é preciso ter força na batata da perna, principalmente no trecho depois da Avenida Sumaré sentido PUC.
A rua Coriolano também tem uma ciclofaixa que é ótima para quem vai ao Sesc Pompéia ou para quem quer ir à Lapa. Os outros trechos são de ciclorrotas, como a Caraíbas, a Turiassu, a Ministro Ferreira Alves e outras ruas importantes.
A CET mantém um mapa, que não parece muito atualizado, pois não registra a ciclofaixa da Padre Chico, mas dá para ter uma noção e traçar o caminho mais seguro para chegar onde quiser.
Também é possível visualizar o projeto completo de como São Paulo ficará quando forem implantadas todas as ciclofaixas, as ciclovias e as ciclorrotas que a Prefeitura da cidade pretende fazer:
Onde emprestar uma bike na Pompéia?
Quem quer passear de bicicleta ou chegar rapidamente a um lugar, mas está sem bike ou ainda não comprou a sua poderá usar uma emprestada de diversos pontos espalhados pela Pompéia.
Isso mesmo: aqui no bairro há estações com bicicletas populares e que podem ser utilizadas de graça por até uma hora. A Secretaria Municipal de Transportes firmou parceria com empresas privadas que mantêm o serviço.
As estações da Bike Sampa são as laranjas, mantidas pelo Itaú. Elas funcionam todos os dias, das 6h às 22h, e para usar é preciso se cadastrar no site oficial do projeto, pelo endereço: http://www.mobilicidade.com.br/bikesampa.asp.
Por lá eles ensinam direitinho como fazer para retirar e para devolver a bike. Entre Pompéia, Perdizes e Sumaré há 25 estações, algumas delas desativadas, mas dá para conferir onde elas ficam pelo mapa ou pelo site do Bike Sampa:
Paraciclos na Pompéia
Nem sempre há um poste para prender a bicicleta enquanto você vai a um lugar. O ideal seria que todo estabelecimento comercial e empresa tivesse um paraciclo ou um bicicletário, mas isso ainda parece um sonho distante.
Aqui pelo bairro já há paraciclos em frente a algumas lojas, bares, restaurantes e hospitais, como as cervejarias Ideal e Barley, o Pronto Socorro Albert Einstein, na Sumaré, e o Sesc Pompéia. Eles são considerados pontos amigos de bicicletas, chamados de “Bike Friendly”.
A Ciclomídia, uma empresa que identifica esse tipo de local, criou um selo que chama Bike Point e fez um mapa para mostrar onde se pode estacionar a sua bicicleta:
Mas ele ainda está longe de ser completo. Se você é um comerciante e se interessa em instalar um paraciclo em frente ao seu comércio, a CET tem um manual dando o passo a passo.
Há paraciclos instalados nas estações de metrô Barra Funda, Vila Madalena e no terminal de ônibus da Lapa.
Bike no metrô, no trem e bicicletários
Para quem trabalha muito longe de onde mora parece inviável fazer todo o trajeto de bike, mas é possível completar o caminho utilizando o metrô ou o trem. O trânsito de bicicletas dentro dos vagões é permitido de segunda a sexta-feira, das 20h30 até o último metrô; aos sábados, das 14h a uma da manhã; e aos domingos durante todo o período de funcionamento. Nos trens da CPTM, só se pode transportar as bicicletas nos vagões aos sábados, a partir das 14h; e domingos e feriados o dia inteiro. Para entender as regras de uso das bikes no Metrô e nos trens da CPTM, acesse o manual.
A partir do dia 5 de julho, o Metrô informa que os bicicletários voltam a funcionar para quem quer deixar a bicicleta por lá de manhã ou de tarde e ir trabalhar. A estação mais próxima do bairro com bicicletário é a Vila Madalena, que costumava ser bem procurado e nem sempre tinha vaga.
Para usar o espaço era preciso apenas ir ao local com RG e CPF, mas se a regra mudar na reabertura dos estacionamentos, contaremos por aqui. Só não se esqueça de levar corrente e cadeado próprios, pois eles não oferecem ao ciclista.
*foto: reprodução de http://vadebike.org
Oficinas de bicicletas na Pompéia
Se a sua bike quebrou no meio do caminho ou precisa de revisão, a Pompéia é um bairro com diversas oficinas e lojas especializadas no assunto. A Dragon Bike e a Tutto Bike possuem um centro técnico especializado para consertar qualquer tipo de bicicleta, fazer a manutenção de suspensões e até lavar a bike, deixando-a novinha para as ruas.
As duas lojas também vendem acessórios e bicicletas já prontas, mas se você estiver interessado em montar a sua própria bike de acordo com o seu perfil, estilo e ergonomia, isso é possível. No site da Tutto Bike tem até uma ferramenta chamada Project One, para projetar o modelo do jeito que você imagina.
Outra loja que monta bicicletas no bairro de acordo com o gosto e o orçamento do freguês é a MP Bikes. E a Free Cycle, que vende acessórios e bikes, tem como ponto forte a loja virtual, mas mantém uma loja física também na Pompéia.
Dragon Bike
Rua João Ramalho, 1441
Telefone: 2679-0138
Site: http://www.dragonbike.com.br/
Tutto Bike
Avenida Pompéia, 787
Telefone: 3872-5505
Site: http://www.tuttobike.com.br/
MP Bikes
Rua Coriolano, 184
Telefone: 3865-0566
Facebook: https://www.facebook.com/mpbikes.184
Free Cycle
Rua Coronel Mello de Oliveira, 180
Telefone: 3368-1455
Site: https://www.freecycle.com.br/
Passeios noturnos que saem da Pompéia
O coletivo GOBiking, formado por ciclistas que pedalam diariamente, se reúne todas as terças e quintas-feiras na frente da Tutto Bike para pedalar por São Paulo. Quem quiser pode se juntar a eles às 20h15 para sair da loja às 20h30, impreterivelmente.
Ninguém paga nada pelo passeio, mas precisa estar com a bike revisada, usar capacete, ter sinalizadores dianteiros e traseiros, além de uma câmara de ar reserva. Também é preciso assinar um termo de responsabilidade.
Os passeios às quintas-feiras são recomendados para iniciantes, pois os trajetos têm em média de 20 a 30km, é feito em um ritmo moderado, e passa por subidas leves.
Já às terças-feiras, as pedaladas são recomendadas para os iniciados, já que a pegada é mais puxada, com eventuais subidas e o trajeto chega a até 40km.
O guia, que é sempre um ciclista mais experiente, vai na frente levando os outros participantes, que pedalam sempre de dois em dois. Não pode fazer zigue-zague nem frear bruscamente. É preciso sinalizar todas as manobras e executá-las com prudência.
Todas as leis de trânsito são respeitadas durante os passeios noturnos: farol fechado é farol fechado e a calçada é só para pedestre. Menores de idade podem participar, mas devem trazer o termo de responsabilidade assinado pelos pais. E se houver chuva ou se a rua estiver molhada, o passeio é cancelado, portanto é melhor confirmar se ele vai rolar antes de ir até a Tutto Bike.
GOBiking
Site: http://www.gobiking.com.br/
Tutto Bike
Avenida Pompéia, 787
Telefone: 3872-5505
E-mail: passeio@tuttobike.com.br
Onde aprender a andar de bicicleta com segurança?
Na teoria, andar de bicicleta é muito fácil: você monta em cima dela e gira os pedais para frente, ativando os freios sempre que precisar parar. Mas na prática não é assim tão simples, pois é preciso ter equilíbrio e segurança. É por isso que ninguém nasce sabendo andar de bike e muita gente chega à vida adulta sem ter aprendido.
Se você tem crianças em casa e quer ensiná-las, há bons lugares pelo bairro ou na região para fazer isso. As ciclofaixas ou ciclovias não são indicadas para quem está começando a dar as primeiras pedaladas, principalmente crianças, porque dividem espaço nas vias com carros e ônibus.
O Parque da Água Branca não aceita bicicletas, pois cria animais soltos pelo lugar e isso poderia colocá-los em risco.
Um bom espaço para ensinar as crianças a pedalarem é o Minhocão, apelido dado para o Elevado Costa e Silva. A partir das 15h de sábado até às 6h30 da manhã de segunda-feira, ele se transforma em um parque, já que fica fechado para carros e aberto para pedestres e ciclistas.
Por lá, as ruas são extensas, então é possível aprender a pedalar com segurança. Para isso, evite ficar nas beiradas do Minhocão. Se você quer evitar o sol, também é possível pedalar à noite no Elevado, que fica fechado para carros e aberto para as pessoas a partir das 21h30 todos os dias até às 6h30 do dia seguinte.
Outro lugar legal para aprender a andar de bicicleta é a Avenida Sumaré. Aos domingos, o trecho que vai da Praça Márcia Aliberti Mammana até a Rua Ministro de Godói fica fechado para carros e aberto para as pessoas das 10h às 16h, graças ao Programa Ruas Abertas, da Prefeitura de São Paulo.
Elevado Costa e Silva (Minhocão)
Rua Amaral Gurgel, S/N ou na continuação da Avenida Francisco Matarazzo, pertinho do Largo Padre Péricles
Site: http://minhocao.org
Avenida Sumaré – Programas Ruas Abertas
Praça Márcia Aliberti Mammana até a Rua Ministro de Godói
*foto: reprodução de Parque Minhocão
Quem ensina a andar de bicicleta com segurança?
Se você ainda não sabe andar de bicicleta ou sabe, mas não tem jeito para ensinar aos filhos, amigos ou aos pais, tem uma turma que vai te ajudar a resolver o problema. Mas para isso é preciso sair um pouquinho do bairro: os voluntários da Bike Anjo ensinam as pessoas a andarem de bicicleta ali no Largo da Batata, que fica em Pinheiros.
Não é preciso pagar nada para aprender e nem é necessário ter bicicleta. Basta ir ao largo no penúltimo e último do mês, das 9h às 12h e pegar uma das 40 senhas distribuídas 30 minutos antes de cada oficina.
As aulas são divididas em módulos e ensinam desde as primeiras pedaladas até o ciclista tomar coragem para enfrentar as ruas de São Paulo com segurança, além de dicas de mecânica de bicicletas. E se você pegar gosto pela coisa, também poderá fazer a oficina para se tornar um voluntário do Bike Anjo e ensinar outras pessoas a pedalarem por aí.
Oficinas do Bike Anjo
Largo da Batata, S/N (Metrô Faria Lima, ao lado do Bicicletário)
Site: http://bikeanjo.org/projetosmobba2015/programaebasp/
*foto: reprodução de Bike Anjo
Dica de ouro
A Holanda é sempre o país usado como exemplo quando o assunto é bicicleta. Não é à toa: por lá há 17 milhões de habitantes e 18 milhões de bikes, porque criou-se uma cultura de utilizá-la como meio de transporte por pessoas de todas as idades. Esse documentário, traduzido por um brasileiro, mostra como foi que a Holanda caminhou para se tornar o país que mais utiliza a bicicleta no dia a dia: https://www.youtube.com/watch?v=RATz0q2uYlc.
6 Comentários
Ótimas dicas. Parabéns pelo post.
Obrigada, Thiago. Um abraço!
Sensacional! Disse tudo! Sou das Perdizes, sou da Pompeia e dou minhas pedalas noturnas com o pessoal da GoBiking que é sempre mais seguro. Noto apenas muitos ciclistas solitários que pedalam no final da tarde sem qualquer item de segurança. Pedalar é legal se for com segurança. Abraço
ameiii, obrigada
O Google Maps — pelo menos a versão para Android — mostra as rotas de bike.
No aplicativo, abra o menu lateral (clique nas três barras horizontais do lado esquerdo, ali em cima) e um pouco mais embaixo você vai ver a opção “Bicicleta”.
Clique nela e aparece em verde o traçado nas ruas, com cores diferentes para cada tipo de ciclo (via, rota, faixa etc.).
O Maps também dá a opção de traçar uma rota de bicicleta. Não testei, mas aparentemente ele considera ruas com ciclofaixa e evita avenidas mais movimentadas.
Excelente , parabéns !!!