Muito antes de existir o Museu Catavento Cultural, ali no Parque Dom Pedro II, as crianças vinham para a Lapa quando tinham que ver a Ciência na prática. Ali na Rua Guaicurus ficava o prédio da Estação Ciência, um museu mantido pela USP e que recebia cerca de 300 mil pessoas por ano.
O ingresso custava R$4 (e estudantes e idosos pagavam meia entrada) e dava direito a se perder lá dentro, entre as exposições itinerantes, permanentes e as mostras temporárias.
Torsos femininos e masculinos mostravam como era o corpo humano por dentro e o nascimento de um bebê. Aprendia-se a identificar a idade de uma Araucária e como viviam os cupins em um cupinzeiro. Uma máquina maluca fabricava perfumes, enquanto em outra parte do museu mantinha viva a riqueza dos mitos indígenas. Em sete maquetes, todo mundo revivia a época feudal, com um torneio de cavaleiros e um banquete de nobres. No equipamento de eletromagnetismo as pessoas ficavam de cabelos em pé. Ainda tinha um simulador de tsunami e um xadrez gigante para aprender a fazer cálculos matemáticos, entre outras atrações.
Desde 1987, a Estação Ciência contribuiu para a formação e pesquisa científica brasileira nas ciências humanas, biológicas, sociais, matemáticas, físicas e tecnológicas. Mas em 2013 o museu fechou suas portas para uma reforma, que nunca saiu do papel.
Agora, em 2016, a USP anunciou que todo o acervo voltará para dentro da universidade e devolverá o prédio para o Governo do Estado de São Paulo, dono do edifício.
O que vai ser do prédio onde ficava a Estação Ciência?
No galpão de tijolinhos ali da Rua Guaicurus, onde ficava o museu, funcionava uma tecelagem no início do século XX. O prédio foi tombado em 2009 pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp). A Lapa, a Pompéia, a Água Branca e a Barra Funda tem alguns galpões e chaminés tombados para preservar a história da indústria e do desenvolvimento econômico paulista.
Tal tombamento deixa mais burocrático o processo de reforma do edifício e a USP alega que esse foi um dos motivos pelo qual a instituição não reformou a Estação Ciência a partir de 2013. O outro é que os reparos no prédio velho sairiam muito caros e a USP era só locatária do imóvel.
O galpão pertence à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. Segundo a assessoria de imprensa do órgão estadual é provável que ainda esse ano passe a funcionar por ali um arranjo produtivo local (APL), em parceria com as Secretarias de Agricultura e Turismo.
“Ainda não temos informações sobre o que será implantado, mas temos uma ideia de que será na área de agricultura e alimentação”, explica a assessoria.
Arranjo produto local é o nome que se dá à concentração de empresas e organizações que atuam em atividades similares ou relacionadas. A diferença é que tais empresas precisam cooperar entre si, com outras entidades públicas e privadas, além de seguir uma estrutura de governança comum.
O bairro, então, torce para que seja um APL que traga ainda mais desenvolvimento para a região e que ofereça opções saudáveis e sustentáveis a todo mundo que mora por aqui.
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