A Praça da Nascente pede socorro

De uns tempos para cá, diversas casinhas operárias da Pompeia e da região cederam espaço a enormes edifícios. Essa verticalização tem mudado alguns aspectos do bairro: o deslocamento, por exemplo, ficou mais difícil com o aumento do número de carros e, por consequência, do trânsito.

Agora, o provável surgimento de um novo prédio pode colocar em risco a nossa água. Na sexta-feira passada, dia 14 de outubro, o coletivo Ocupe & Abrace divulgou um vídeo sobre demolições das casas no entorno da Praça Homero Silva, também conhecida por Praça da Nascente por ser berço de diversas nascentes do Córrego Água Preta.

“Há 2 anos começaram rumores de que incorporadoras estavam sondando os proprietários das casas no entorno da praça. O Coletivo Ocupe & Abrace procurou o Ministério Público imediatamente, alegando que nessa área há nascentes do Água Preta”, conta Andrea Pesek, do coletivo. O problema é que, embora todos os vizinhos saibam que o braço do Água Preta existe por ali, as nascentes não estavam mapeadas. “Chamamos o Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo (IGC), que reconheceu as nascentes e as certificou.”

Duas dessas nascentes, inclusive, estão na Avenida Pompeia, dentro das casas que estão sendo demolidas desde a semana passada. “A obra tem alvará de demolição, dado pela Prefeitura de São Paulo, e está na fase de análise pela Secretaria de Licenciamento, porém há laudos que desconsideram a existência de nascentes por ali”, lamenta Andrea.

No domingo passado, cerca de 40 pessoas, entre vizinhos e moradores de bairros mais distantes, compareceram na Praça da Nascente para uma reunião de mobilização proposta pelo coletivo e para definir quais são os próximos passos na tentativa de impedir que novos prédios acabem com o córrego Água Preta e com o sol da praça. Por lá, além das nascentes, também há árvores frutíferas, brinquedos para as crianças, um berçário de plantas nativas do cerrado paulista que estão quase em extinção e um lago com peixes. “Com a possibilidade de um edifício com três subsolos para os carros o lençol freático seria drenado e as nascentes da praça podem até secar”, explica Andrea.